Andar por andar....

Andar por andar, sem vontade de nada, respirar sem vontade, comer e beber apenas por necessidade, não sei que foi feito do gosto, a luz fere-me os olhos, até mesmo a delicada. As noites tornam-se eternas, o cansaço é muito, mas não me permite dormir, o relógio mostra-me as horas que perdi a fazer nada... Não consigo distinguir a dor física da mental, mas lembram-me que estou viva, e acompanha-me. A física pode deixar marcas na pele, mas a mental destrói partes não visíveis de mim. Faz-me ser destrutível, para o que me rodeia, acima de tudo para mim, lembra-me os erros que cometi e tendem a voltar sempre que me aperta o peito de novo.

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As dúvidas rondam-me, quero saber, mas a resposta assusta-me. O silêncio não me incomoda, sei que por companhia levo o meu pior inimigo, a mim mesmo. Não me posso salvar do que sou, nem sei o que quero, o abismo é profundo e o que o causou nem importa, já nada importa… ou talvez sim.

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Quero ir onde não posso, quero deixar de estar onde estou, parar de ser o que sou. Sobreviver ao mundo, digo antes sobreviver a mim própria, todas essas coisas que não me mataram, mas feriram, deixam marca, magoam, tenho direito de sentir algo, mesmo que coisas más, apenas sentir...

Desculpem-me os que não merecem…